Evoluir é preciso!
Por Francisco de Assis Amâncio, contador, empresário contábil e diretor do Sescon Campinas
Quando ingressei no universo da contabilidade privada, no crepúsculo do século XX, o escritório em que fui atuar possuía departamentos de Contabilidade, de Pessoal e Fiscal. Chamava a atenção um equipamento composto por um teclado diferente dos que eu via nas máquinas de datilografia e uma tela com grandes pontos de cor verde, onde letras e números eram formados em conformidade com a cadência imposta pelos dedos do usuário.
O combustível para a dança dos pontos era composto pelas planilhas geradas nos departamentos Contábil e Fiscal (as rotinas do departamento de Pessoal geravam outros papéis de trabalho). Por sua vez, estas planilhas eram geradas pelos técnicos contábeis que classificavam os fatos das empresas clientes, escriturando desta maneira o Livro Diário.
Alguns meses se passaram e chegou ao escritório um novo equipamento, desta vez com uma tela menor onde eram exibidos caracteres na cor branca sobre fundo em tons de cinza. E algumas pessoas do departamento Fiscal foram demitidas. Ao final de um curto espaço de tempo, boa parte das pessoas que atuavam nos departamentos Contábil e Fiscal também foram demitidas. Por outro lado, a quantidade daqueles equipamentos somente aumentava até que chegou ao ponto em que cada colaborador possuía um “PC” em sua mesa. Estávamos fazendo “mais” com “menos” recursos (custos) utilizados.
Otimização do tempo, inibição de práticas corruptas, maior dedicação à atividade-fim, visualização dos processos internos, todos estes exemplos são alguns dos benefícios atingidos com a utilização da informática pela contabilidade.
O mesmo movimento que testemunhei no encerramento do século XX é percebido hoje ao visualizarmos a substituição dos profissionais do escritório por profissionais virtuais. Encontramos na web anúncios de contabilidade a preços “populares”, basicamente uma contabilidade “self-service”. O cliente conhecedor que é das legislações tributária, contábil e de pessoal não precisa mais da figura do escritório de contabilidade. Quando precisa, paga um adicional pela solicitação ou busca em outros expedientes o conhecimento necessário.
Um artigo recente no portal do CRC-SP menciona um número expressivo (11 mil de 28 mil empresas contábeis registradas na JUCESP) de entidades contábeis atuantes no Estado, sem que estejam registradas em nosso Conselho (Informativo nº 423 de 06/04/2017 – www.crcsp. org.br). Será uma redução de custos?
Evoluir é preciso e a concorrência é salutar ao ambiente empresarial, não seria diferente para os escritórios contábeis. É imprescindível, porém, que as normas contábeis sejam cumpridas, que os empresários contábeis as sigam e que o Conselho de Contabilidade seja atuante, visualizando o trabalho das entidades contábeis, dirimindo dúvidas e garantindo o equilíbrio ao ambiente. E principalmente que o profissional da contabilidade siga as determinações do Conselho, evitando com isso a concorrência desleal e contribuindo com a construção do país que queremos. Que não mais tenhamos que receber um livro caixa em substituição ao livro diário que solicitamos.
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